A IMPORTÂNCIA DO SENSEI NAS COMPETIÇÕES INFANTIS: REFERÊNCIA, EQUILÍBRIO E FORMAÇÃO HUMANA

As competições infantis de judô, especialmente aquelas que envolvem as Classes Chupeta, Sub 09 e Sub 11, vão muito além de medalhas, lutas e pódios. Elas representam o primeiro contato real das crianças com a filosofia do judô competitivo, e precisam ser tratadas com zelo, responsabilidade e visão pedagógica. Nesse cenário, o papel do Sensei como técnico e formador é insubstituível.

JUDÔ COMO APRESENTAÇÃO À VIDA

O Festival Infantil, que reúne essas categorias, tem como propósito apresentar o judô aos pequenos e seus familiares de forma acolhedora e encantadora. A premiação para todos os participantes não é apenas simbólica — é um estímulo, uma motivação para que a criança desenvolva afeto pelo esporte e não se sinta julgada ou pressionada em seus primeiros passos.

A Classe Chupeta (até 06 anos) são realizadas atividades lúdicas, geralmente os Ukemis e "lutas". Ao final.todos recebem medalha de ouro. Já nas categorias Sub 09 e Sub 11, mesmo com a manutenção da ideia de inclusão e incentivo, as chaves são montadas com até quatro participantes. Assim, todos ainda são premiados, mas introduz-se gradualmente o sentimento de vitória e derrota, para que os judocas comecem a compreender a dinâmica competitiva — sempre de maneira lúdica e respeitosa.

Esse cuidado é fundamental para evitar que, ao chegar na categoria Sub-13, onde se inicia o processo de alta performance e as classificações se tornam mais rigorosas, o jovem atleta não abandone o judô por frustrações ou pressões mal administradas.

O SENSEI: MUITO ALÉM DO KIMONO

Nessas primeiras categorias, o Sensei é mais do que técnico — é referência emocional, exemplo moral e figura de segurança. Ele é quem oferece apoio nos momentos de ansiedade, traduz o ambiente desconhecido da competição em algo compreensível, e sobretudo, ensina que o judô é, antes de tudo, uma construção de valores.

Estar ao lado do pequeno atleta na área de competição vai além da tática: é um gesto de acolhimento e confiança. O olhar do Sensei, sua voz serena ou seu abraço após uma luta são memórias que permanecem por toda a vida na trajetória do judoca.

O ALERTA: CRIANÇAS NÃO SÃO ADULTOS EM MINIATURA

Apesar da importância da presença do Sensei, é preciso haver responsabilidade. As entidades organizadoras e os próprios professores devem estar atentos aos excessos cometidos por técnicos, como gritos, pressão psicológica, cobrança exagerada e comportamentos antiesportivos.

A competição deve ser encarada como ferramenta de aprendizagem, e não como palco de frustração ou projeção dos desejos do adulto. A criança deve viver o esporte em sua plenitude, com respeito ao seu tempo, às suas emoções e ao seu desenvolvimento.

JUDÔ PARA TODOS: ACOLHIMENTO SEM BARREIRAS

No contexto das competições infantis, também é essencial destacar o acolhimento necessário aos atletas com deficiência. Esses jovens judocas precisam de atenção especial, tanto na estrutura dos eventos quanto na sensibilidade dos profissionais envolvidos. O Sensei exerce papel fundamental nesse processo, adaptando orientações, compreendendo limitações e, acima de tudo, respeitando a individualidade de cada atleta.

A presença de um Sensei preparado e empático é determinante para que esses atletas se sintam parte da comunidade do judô, desenvolvam autoestima e superem, no tatame, desafios que vão muito além da luta.

FORMAR PARA A VIDA, NÃO APENAS PARA O PÓDIO

O verdadeiro Sensei entende que o ouro no peito é menos importante do que o brilho nos olhos. Ele sabe que está formando não apenas atletas, mas cidadãos — pessoas que aprenderão a cair e se levantar, a perder com dignidade e a vencer com humildade.

O Judô Social Rio acredita que cada criança que pisa no tatame carrega o futuro do judô. E esse futuro só será forte, ético e justo se for nutrido desde cedo com sensibilidade, respeito e valores. Cabe a nós, Senseis e organizadores, garantir que esse caminho seja construído com firmeza, mas também com afeto.