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JUDÔ SOCIAL RIO (LIGA) X FJERJ (CBJ). JUDÔ É PARA QUEM TEM GRANDEZA


Conversaremos com o professor Eduardo Duarte, pioneiro no Brasil do 'Judô para Surdos', fundador do 'departamento de lutas' da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos – CBDS, Técnico da Seleção Brasileira de Judô de Surdos quase uma década e por conta de sua atuação o Brasil conquistou a 1ª medalha Surdolímpica em Taipei, Taiwan (2009).

Eduardo Sensei tem história e experiência nos esportes para deficientes. Também é fundador da Associação Valorizando as Diferenças - AVD, nas funções de coordenador e técnico.

Professor Eduardo atualmente ocupa a Presidência da Federação de Judô Social do Estado do Rio de Janeiro - FJSERJ, filiada a Liga Nacional de Judô - LNJ. Também conhecida como 'Judô Social Rio' a entidade atende a todos atletas, deficientes e não deficientes.

Depois da apresentação do presidente, vamos ao tema principal dessa entrevista.


REP - Presidente o que está acontecendo, realmente, com o surdoatleta Adalberto Trigueiro?


ED - O atleta citado estava sendo impedido pela Federação Estadual de Judô do Estado do Rio de Janeiro - FJERJ, vinculada à Confederação Brasileira de Judô - CBJ de participar do processo seletivo. Numa atitude de tirania explícita por parte da FJERJ, queriam impedir qualquer surdoatleta que não seja filiado a essas entidades a ter qualquer acesso às competições de surdos e a seletiva nacional.


REP - Mas isso não é uma forma de coação?


ED - Sim! E para piorar a CBDS, que é a entidade que representa os surdosatletas, deveria protege-los, lavou as mãos quando permitiu que a FJERJ/CBJ fosse responsável por esse processo.

Diante da pressão exercida sobre os surdosatletas não filiados e inativos, mesmo discordando, e o medo de retaliações como ocorreu no Surdolímpico de 2013 na Bulgária, alguns acabaram cedendo. Contudo Adalberto e outros judocas, na mesma condição, não aceitaram. E essa tomada de posição causou represálias, impedindo-os de ter o acesso. Temos pelo menos cerca de 50 judocas surdos no país e a seletiva não chegou a 10 pelas minhas contas.


REP - Então, Adalberto Trigueiro ficou desassistido e sem possibilidades de recorrer?


ED - Jamais! Depois de tentarmos todos os recursos amigáveis e não obtermos êxitos para garantir os seus direitos o acompanhei para darmos entrada na justiça (Defensoria Pública) contra a Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro, Confederação Brasileira de Judô e Confederação Brasileira de Desportos de Surdos.


REP - E o resultado dessa ação?


ED - A Juíza de Plantão, decidiu a favor do atleta ao conceder o mandato de segurança que garantiu a participação do mesmo na seletiva no dia 19 (sábado). Essa decisão também nos protege, deixa bem clara a posição tirana de que o surdoatleta não pode usar a faixa preta se essa for de ligas. Parecer da Juíza: “Determino que as rés realizem a inscrição da parte imediatamente, sob pena de multa horária, bem como determino que a primeira ré se abstenha de exigir a filiação da parte em associações e federações de ouvintes para participação de competições e eventos por aquela organizada, sob pena de multa de cada recusa.”


REP - Podemos dizer que depois do veredito, tudo ficou resolvido para o Judoca?


ED - Dentro da lei, sim. Entretanto, a tortura psicológica que o atleta sofreu, inclusive o impedindo de se pesar no dia anterior, só permitido no dia seguinte com a atuação do oficial de justiça, o deixaram abalado e sem nenhuma condição para alcançar o seu propósito e, assim, não conseguindo a classificação, a vaga para os Jogos Olímpicos de Surdos que será em maio deste ano em Caxias do Sul - RS. Porém, Trigueiro é um grande campeão e vai dar um ippon nessa adversidade.


REP – É verdade que o sistema de Ligas promoveu o Judô dos Surdos no Brasil?


ED – Sim. Quando coordenava o departamento de lutas e também acumulava a coordenação do judô, promovemos dois Brasileiros com o apoio do sistema de Ligas e recentemente a Liga Mineira de Judô – LMJ, vinculada a Liga Nacional de Judô – LNJ realizaram a Surdolimpíadas do Brasil 2019 em Minas Gerais. Se há verba pública empenhada, tem que haver licitação. Ou seja, quando não havia apoio ao Judô dos Surdos, o mesmo não os interessava.


REP - E qual será a posição do Judô Social Rio se surgir novas situações como essa?


ED - A nossa posição será a mesma! Defender os surdosatletas e demais que sejam excluídos do processo de forma arbitrária. Lutar pelo ser humano contra qualquer investida que possa lhe causar algum dano. Isso é só a ponta do iceberg.


REP - Professor nossos cumprimentos por sua atitude louvável.


ED - Que fique claro que essa posição tomada não foi feita individualmente e sim de todo o grupo que administra o JUDÔ SOCIAL RIO - FJSERJ. Essa vitória não é do Eduardo e Adalberto, é uma vitória do judô, dos surdos e do sistema de ligas.


Guará Matos – Coord. De Comunicação

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P.S. "Ressaltamos ainda que, paralelamente, acionamos a Comissão da Pessoa com Deficiência da Câmara Federal e da ALERJ, deputados estaduais, federais e senadores.".

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